
Kleiton e Kledir tinham razão. Chegamos em Porto Alegre super em cima da hora, as estradas estavam uma zona por causa das chuvas. Foi o tempo de passar no hotel rapidamente e ir pro Opinas. No caminho, soube que os ingressos estavam esgotados, e isso aumentou nosso gás, que já estava nas alturas. É que nossas lembranças de Porto Alegre e do Opinião são as melhores possíveis. É uma cidade que adoro, que tenho amigos e que me identifico. Gosto do sotaquinho cantado, do clima boêmio-urbano, do humor ácido quase britânico de alguns gaúchos, do churrasco. E das pessoas que são educadas. Loucas, mas educadas. Educadamente insanas. Bom, fato é que subimos no palco com uma sensação de familiaridade e descontração imensas, e isso obviamente se reflete no show. Tocamos todas as normais do repertório e ainda enfiamos duas versões: uma a sério, mas não tanto e a outra só de sacanagem mesmo. Começamos com a sacanagem, If You Not Here, do Menudo. É que fuçando meus vinis antigos achei esse compacto da infância, e não resisti. Levei pros meninos no estúdio e entre risadas e histórias nostálgicas ficamos brincando de tocá-la, e não deu outra. Os maiores de vinte e cinco anos sabem do que estou falando. Em tempo: todas babavam pelo Robby, mas meu Menudo predileto era o Ray. E não se reprima, não se reprima. A outra música foi The Edge of The World do Faith No More, com aquele climinha on the rocks que ela tem. É que minha amiga gaúcha clarahaverbuck botou pilha e disse que ia lá cantar comigo, mas ela não foi pra Porto e a gente tocou mesmo assim. Agora já está na manga, e qualquer dia desses ela não me escapa. Então foi tudo lindo. O público intenso e participativo, levaram balões e outras coisinhas carinhosas e fofas, e deram sangue conosco até o final. No pain, no gain. Aliás, todo show tinha que ser assim. Ou não, senão não saberíamos valorizar esses momentos. Ah, quer saber, foda-se o “ou não”, eu quero tudo, e todos tinham que ser assim mesmo. Porque quando você começa a tocar três vezes por semana, a verdade é que nem todo show é emblemático e marcante. É um organismo vivo e mutável, e depende não só das condições de palco, mas majoritariamente da platéia. E do esquema do show. E de várias coisas outras.
Depois do show nosso amigo Lelê nos proporcionou uma maravilhosa costela que estava assando a sei lá quantas horas, e biritas, e jogos e diversão e conversas maravilhosas até de manhã. Voltando pro hotel com o dia nascendo, andando languidamente pelas ruas da capital gaúcha, eu pensei: agora embalou.
* PS- Obrigado a todos que levaram as doações pra Santa Catarina! Tinha uma pilha enorme lá e foi ótimo ver que todos se mobilizaram.

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